Sunday, June 11, 2006

Parte I


O sol estava se pondo e muitos passageiros se aproximavam da janela para vê-lo. O crepúsculo é algo lindo visto do chão, e visto em pleno ar é espetacular. A cena estava tão perfeita que conseguiu tirar a fala de uma morena que estava sentada ao lado da irmã reclamando por estar no avião.

- É... lindo... - Samantha suspirava.

Sam colou o rosto na janela para conseguir ver e gravar a imagem na mente. Ao seu lado, Ella sorriu ao ver sua irmã caçula agindo como uma criança de 6 anos, subitamente parando e voltando a ter uma feição mais velha, gostava de ver essa dualidade.

- Tá bom, não vou mais falar nada por estarmos aqui em cima durante tanto tempo enquanto poderíamos chegar na França em alguns segundos usando uma chave de portal. É até bom, porque me dá tempo de te perguntar o que está acontecendo. Mamãe sempre nos buscou na estação sozinha, e outras vezes fomos sozinhas para casa. O que o papai estava fazendo lá?

A morena de olhos azuis claros como a manhã olhou para a irmã mais nova e se perguntou por que ela sempre questionava exatamente o que não era para ser comentado. Parecia que lia que não a estavam contando algo e ia direto ao ponto.

- Sis, Londres está perigosa e o papai foi junto para nossa proteção. Os alvos estão sendo aleatórios, você sabe disso. - Ella esperava que Sam não perguntasse mais nada, ela mesma não tinha entendido o porquê das duas não aparatarem pra casa, era o modo mais seguro que conseguia pensar.

- Tá, não vou perguntar mais. Você também não sabe, né? - Sam olhou pela janela e viu o sol sumir.

- Tão fácil assim? - A outra sorria.

- É, você nunca foi boa em esconder as coisas. Por isso que sempre pergunto o que quero saber para minha irmã mais velha do coração. - Sam abraçou Ella.

As duas ficaram conversando e fizeram o curto espaço de tempo passar. Os dois países eram próximos, o que fazia a viagem durar pouco tempo.

No aeroporto, Sam segurou a mão da irmã, sabia poucas palavras em francês e definitivamente não queria se perder em um local trouxa de um país onde vão perguntar algo que não saberá responder. Por causa do feriado, estava lotado e as malas delas demoraram a aparecer, para a infelicidade da garota.

Morrendo de saudades do seu tio, Sam não parava de olhar para o portão de desembarque, queria sair logo dali e abraçá-lo. Quando sua mala apareceu, ela atropelou algumas pessoas e a pegou logo, puxando Ella pela mão.

- Calma aê, apressada! A pessoa que você tanto procura está do outro lado. - Ella puxou Sam para onde tinha marcado com seus tios.

- Onde? Você já o viu? Bernard e Tia Sarah estão juntos? - Sam olhava para a multidão a sua volta procurando, mas só via rostos que olhavam para ela. - O que eles estão olhando? Tem algo sujo no meu rosto?

- Não, mas parece que comeu um quilo de açúcar, está muito agitada. - Neal era o marido de sua tia, mas para Sam era mais que isso. Para ele também, pois como demorara a ter filhos, viu em suas sobrinhas, suas filhas de coração. Ele a abraçou e a levantou do chão. - Oi Sammy, estava com saudades?

- Muitas!! - Sam o apertava. Neal era o seu ‘pai’ em vários modos. Sentia muita falta dele e queria contar tudo o que tinha acontecido nos últimos meses, suas amizades e festas. Nunca aceitou totalmente eles terem saído da Inglaterra e menos ainda só vê-los algumas poucas vezes ao ano.

- Às vezes eu acho que você tem alguma relação familiar com ele e não comigo. - Sarah estava ao lado esperando o seu abraço.

- Não liga tia, eu estava com saudades dos dois. - Ella abraçava seus tios. - Vocês fazem muita faltam na Inglaterra.

- Ei, eu também senti sua falta! Onde está meu priminho lindo, fofo e gostoso? - Sam olhou em volta, procurando-o.

- Ficou em casa, aqui está cheio demais e ele poderia se perder. - Sarah falou, já andando em direção ao estacionamento. - Exatamente por isso que vocês vieram de avião, até as linhas para chaves de portal estão cheias demais. Foi mais rápido e fácil virem do modo trouxa.

Ella olhou para Sam, mostrando que não havia nenhuma teoria da conspiração no fato de terem ido para Paris de avião. A caçula ficou sem graça, era algo tão simples e escapara da sua mente.

- Vamos passear pela cidade? - Ela olhou curiosa para os tios, conhecia tão pouco de Paris, uma cidade famosa pelos seus romances.

- Na verdade daqui vamos sair de Paris e vamos para Provence, onde Peter alugou uma grande casa para podermos fazer um grande natal com todos e não nos preocuparmos com espaço. - Sarah respondeu e entrou no carro com as sobrinhas enquanto o marido guardava as malas no carro. - A casa fica em um terreno grande e não precisamos nos preocupar com trouxas.

A morena ficou maravilhada vendo o tio dirigir, não sabia o que observava: a habilidade de Neal ao volante, ou a beleza da cidade ao lado de fora.

Poucos minutos depois eles pararam em frente a uma casa onde uma senhora saiu com um pequeno garoto loiro que correu para o carro, Bernard sabia que suas primas estavam ali.

- Tio, depois me ensina a dirigir? - Sam pedia com a voz mais manhosa possível, tinha adorado vê-lo com o carro.

- Claro Sammy, a casa tem um bom terreno e vai ser um bom lugar para você aprender.

- Eu quero tamem!! - Bê pulou no colo da Sam

- Se a capacidade no volante for igual à capacidade dela na vassoura, melhor tirarmos todos os seres vivos do caminho. - Ella brincou.

A caçula olhou de cara feia para a irmã e deu língua para ela, o que fez o pequeno fazer o mesmo. Às duas horas seguintes de viagem foram divertidas, as duas irmãs contaram as coisas boas que ainda aconteciam em casa e os hospedeiros, porque elas deveriam se mudar para a França. Era unânime que sentiam faltam da família unida.

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