Monday, February 26, 2007

Parte III


O sol mal tinha nascido e Sam já estava acordada, sentada perto da janela observando a paisagem e esperando o dia clarear. A noite anterior tinha sido a ceia, uma cena que a morena iria guardar na mente como um filme precioso. A tempos não via seu pai tão solto e sua mãe tão feliz ao lado dele. Ela mesma aproveitou o máximo de tempo com seu tio, para matar a saudade dos últimos meses. Sua família estava como a muito não os via, todos com saudades uns dos outros.

Suas tias e sua mãe ficavam pedindo atenção para avó, assim como Ella e Sam pediam para a mãe delas. Os mais velhos da casa comentaram discretamente que precisavam de mais crianças naquela família, principalmente em uma família com tantas mulheres, o que fez as caçulas mudarem de assunto rapidamente.

Samantha pegou seu roupão e desceu para a cozinha, sorrindo ao pensar no comentário. Ainda bem que era nova demais para isso.

“Se não tenho nada para fazer, vou beliscar algo e esperar todos acordarem...”

Para sua surpresa, suas avós e sua mãe já estavam lá conversando e tomando café da manhã. Uma quantidade de pães, frutas e outras coisas já estavam arrumadas em cima da mesa, para a grande felicidade de Sam. O cheiro que vinha dali era algo que cozinha nenhuma de Hogwarts conseguia superar.

- Peguei vocês no flagra. Depois me perguntam de onde vem essa minha mania de comer toda hora. Bom, se não posso vencê-las... - Sam sorriu e foi até a cadeira indicada pela sua mãe.

- Caiu da cama, meu bem? - Sonya colocava café para filha.

- Quase não dormi... Sei lá, agitada demais eu diria...

Sam esticou a mão e pegou um dos biscoitos de aveia que sua avó estava fazendo, estavam fresquinhos. Era o seu preferido e tinha a receita guardada a sete chaves em sua casa, grande segredo de família. Aproveitando todo o carinho que suas mães davam, ela somente miou e aproveitou toda a atenção que lhe era dada.

- Vocês sabem que isso faz mal a ela. Chega em Hogwarts e fica querendo que eu faça o mesmo. - Ella entrou na cozinha e riu da cena onde sua irmã caçula estava com o rosto de um neném.

Ella sentou entre a mãe e a avó, o que provocou reação imediata da que antes era o único objeto de carinho e total atenção das matriarcas.

- Ciúmes? Que coisa feia... Veio aqui e roubou todo o meu cafuné. Vou ter que cobrar isso na escola em dobro.

- Como se você me desse atenção na escola. Só quer saber das suas amigas grifinórias e você nem teve a decência de me apresentar à de óculos, já que a Lore não conta, já é prima. - A irmã mais velha fez um rosto de mágua, tentando chamar a atenção da mãe e da avó.

- Pára com isso, nem parece uma mocinha de 17 anos! A criança aqui sou eu, me dá minha mãe. - Sam se encaixou nos braços da mãe.

- Olha que linda a minha sobrinha de 4 anos. Acho que não posso mais ensiná-la a dirigir, somente acima dos 16 anos. - Neil entrava na cozinha e pegava um dos biscoitos da mesa.

- Ham ham. - Sam engrossou a voz. - Faço 16 anos em menos de um mês, vou poder dirigir oficialmente?

- Claro Sammy. Os trouxas fazem você fazer uma prova escrita e uma prova prática. Depois é só pegar a carteira que te dá a permissão e ter um carro, claro.

- E você me dá um carro se eu passar na prova? - Sam já tinha se levantado e sentado ao lado do seu tio.

- Vamos ver, vamos ver... - Neal fez um cafuné em Sam que deitou a cabeça para aproveitar mais.

De pouco em pouco, todos da casa foram acordando e se dirigindo para a cozinha, onde a conversa fluía enquanto um e outro faziam mais algumas coisas de comer.

Quando Sarah, que dormira por último, chegou com o filho, a família ficou completa e todos foram para a sala abrir os presente que estavam na árvore de natal.

Peter começou um pequeno discurso sobre a como era importante a união deles e que não importava as circunstâncias, a família sempre estaria presente. Suas palavras foram interrompidas por um baixo ‘uuuu’ que Bernard começou e que aumentou de volume quando Sam acompanhou. Não demorou para os dois caçulas começarem a falar e bater palmas pedindo ‘presentes, presentes’. O patriarca da família Blair sorriu e viu que aquela hora não era hora para falar e começou ele mesmo a distribuição dos presentes, exatamente para os que pediam os seus.

O pequenino pegou seu presente e rasgou em questão de segundos, achando uma mini-vassoura voadora. Quando Sam foi pegar o seu, ela percebeu que seu avô a tirava no centro da sala. Os olhos dela brilharam ao ver o que ganhara de Peter, era uma capa preta.

- Não é só para se proteger do frio, minha neta. - Peter parou ao lado de Sam e falou baixo, enquanto os outros continuavam a abrir seus presentes. - Essa era a minha capa quando eu era auror, ela é feita especialmente para nos proteger. Vista para que eu coloque no tamanho certo para você.

Incrivelmente, a jovem ficou sem palavras para agradecer. Tudo o que conseguira fazer foi sorrir para ele, enquanto colocava aquele presente tão especial. Após ele acertar a capa no corpo dela, Sam abraçou seu avô com muita força. Sabia que era difícil para ele incentivá-la a seguir a mesma carreira, mas estava vendo que era algo inevitável.

- Ei, o resto da família também quer atenção! - Neil chamava sua sobrinha com o presente na mão. - Bê, dá para Sam o que você achou que era perfeito para ela.

Sam tirou a capa e estendeu a mão para pegar seu presente, quando foi jogada para trás pelo peso do corpo do priminho.

- Ataque de beijos!!! - O loirinho começou a apertar e beijar e fazer cócegas na prima, que escorregava no chão de tanto rir.

Os dois se engalfinharam no chão por alguns minutos, até serem separados por Sarah, que estava como presente do filho na mão.

O resultado da manhã foi feliz para Sam. Além da capa do avô, ganhara um cordão com uma fênix da sua irmã (a ave acendia, como se pegasse fogo), de suas tias e avós ganhou roupa, de seu pai ganhou uma nova versão de discwizard, que era quase invisível aos olhos de tão pequeno e precisava de discos especiais, e de seu tio uma caixa de chocolates junto com uma foto de toda a família reunida no natal anterior, o que quase a fez chorar.

O que deixou a jovem emocionada e dividida foi o presente que sua mãe dera. Embrulhado especialmente, estava o primeiro livro que Sonya comprara para estudar para ser psibruxa e que Sam já lera várias vezes. Fora a primeira vez que a caçula pensara em estudar e seguir a carreira da mãe e o primeiro de muitos livros sobre o assunto que devorara.

A morena abraçou a mãe com força e sentiu duas lágrimas descerem dos olhos. Nunca deixara de querer ser psibruxa, somente viu que não tinha muita opção de carreira naquele momento de guerra aberta. Tinha que fazer algo pelas pessoas e sabia que sendo auror poderia ajudar mais. Só não tinha falado nada disso com ninguém, além do avô. Quem sabe no futuro, quando voltassem a ter paz, pudesse estudar e ser tão boa quanto ela

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